As recentes mudanças no transporte público de Florianópolis vêm instigando a indignação entre trabalhadores e estudantes. Não foram poucas as manifestações logo após a inauguração do Sistema Integrado de Transportes. Agora, com o recente aumento da passagem, tornando-a uma das mais altas em todo Brasil, as manifestações voltam e com maior força. Em toda a ilha a população se reúne espontaneamente em torno dos terminais – principalmente no centro – para protestar contra o resultado dos acordos entre a prefeitura e as empresas de ônibus. Essas manifestações só ganharam força porque já havia uma organização prévia muito importante: o movimento pelo passe livre.
O movimento pelo passe livre vem adquirindo um destaque cada vez maior entre os estudantes, de modo especial, entre os estudantes secundaristas. A mobilização é grande não só aqui, como em todo o Brasil. Em Salvador, Bahia, no ano passado, vários estudantes secundaristas pararam a cidade com uma manifestação ininterrupta de 10 dias contra o aumento da passagem do ônibus e pelo passe-livre.
A luta pelo acesso às escolas e à universidade, o que um dia já foi uma garantia do Estado, foi retirado pela pressão das empresas de transportes. Sendo o acesso ao ensino uma condição para que as pessoas tenham educação e levando em conta que a passagem de ônibus consome boa parte do salário da maioria dos brasileiros, não seria nada mais do que justo o passe livre a todos estudantes. Infelizmente, a direção do movimento pressionou para que essa bandeira fosse retirada durante a luta contra o aumento da passagem. Isso daria a entender que são lutas antagônicas, quando na realidade, como vemos, não o são.
Assim, com a ajuda dos estudantes que lutam pelo passe-livre, a mobilização contra o abuso das empresas de ônibus tem tomado força e se espalhado por toda ilha. Isso vem ocorrendo com a truculência habitual da polícia militar – bastante conhecida por quem já foi abordado por um policial e não aparenta ser da classe dominante –, como foi possível perceber nos últimos dias, e pela ameaça aos estudantes e trabalhadores que protestavam.
Frente ao ocorrido, e sabendo da solicitação da Prefeitura à Secretaria de Segurança Pública para que esta enviasse policiais para atuarem nos focos de manifestação, devemos fazer uma reflexão sobre o caráter da polícia.
Primeiramente, a função da polícia é a defesa da ordem pública e manutenção da segurança pública. A defesa da ordem pública pode ser definida como a repressão de todas as manifestações que podem desembocar numa mudança das relações sociais, enquanto que a segurança pública compreende a guarda da integridade física da população, dos bens e das pessoas.
Numa sociedade dividida em classes, a defesa dos bens da população, que poderia parecer uma atividade destinada à proteção de toda a sociedade, restringe-se à proteção dos bens das classes possuidoras. A defesa da ordem pública também se resume à defesa da classe dominante. Assim, a atuação seletiva da polícia leva a uma atuação repressora.
É assim quando os trabalhadores, sejam da iniciativa privada ou do serviço público, querem defender o seu pão e encontram a repressão policial e o uso da força pelos representantes do Estado.
Porém, nesses últimos dias o cassetete policial está pegando mais leve nos manifestantes, afinal, bater em estudantes em ano eleitoral não é "boa propaganda". Além disso, o governador (PMDB), que é de partido adversário da prefeita (PP) e é responsável por controlar a polícia militar, quer muito ver desgastada a imagem da atual administração da cidade. O governo do estado aparece, portanto, como milhares de outros oportunistas nesse momento de levante popular.
Por tudo isso, chamamos todos, estudantes e trabalhadores, a lutarmos juntos:
CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM DO TRANSPORTE PÚBLICO!
PASSE LIVRE JÁ!
Coletivo Ruptura – UFSC
cruptura@yahoo.com.br
Coletivo Ruptura – UFSC
cruptura@yahoo.com.br
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